domingo, 24 de maio de 2009

Democracia entre Aspas



O que poucas pessoas sabem é que a democracia é um poder de todos, ou melhor, é um governo baseado na participação popular – mesmo que essa não “coexista”. E para complementar, poucas sabem da sua origem. A democracia surgiu em Atenas, na Grécia Antiga. Esse sistema tratava-se de um tipo de regime em que o povo se manifestava diretamente, reunindo-se e votando em assembléias, para tomar as decisões a respeito da vida da sua cidade. E, além disso, todo cidadão da específica cidade tinha não só o direito como o dever de participar das assembléias. Isto é, os cidadãos apresentavam certo grau de igualdade. A princípio, esse pode lhe parecer o melhor dos mundos, mas, a bem da verdade, não é bem assim.

Mas o que significa dizer que o Brasil é uma democracia? Bem, num primeiro momento, talvez seja possível dizer que o Brasil é uma democracia porque elegemos nossos governantes, porque os direitos dos cidadãos brasileiros são estabelecidos por leis, que também os garantem, porque - ao menos em tese - somos todos iguais perante as leis, porque existe liberdade de imprensa etc.

Por outro lado, alguém poderia questionar o caráter democrático de nosso país, levando-se em conta nossos altos índices de pobreza e miséria, isto é, o fato de estarmos num país cuja distribuição de renda está entre as piores do mundo. Além disso, sabemos que há uma diferença muito grande do tratamento que o Estado dedica aos ricos e aos pobres. Isso sem falar na questão da corrupção que - entra governo e sai governo - parece jamais acabar. Mas diante de tantos escândalos, corrupções – que já fazem parte da rotina dos “nobres” parlamentares, e ainda, no tocante dos estudos de especialistas, que apresentam particularidades em suas visões, é fácil notar que a democracia brasileira é um paradoxo bem complexo.

Há cerca de 20 anos, o Brasil é uma “democracia”, e essa condição foi conquistada pelo nosso próprio povo, que agüentou um governo ditatorial, imposto pelos militares, de 1964 a 1985. Para quem assiste aos canais governamentais (que não passam de uma mera assistência falsas) vêem com enorme clareza o poder de indução dos nossos “escolhidos”. Mas não são eles que apresentam, na maioria dos casos, um lindo currículo? Ainda que, valemos salientar que os mesmos foram os melhores das universidades, bem como, os escolhidos pelos nossos escolhidos. Ou seja, capacidades eles apresentam, ou em uma mera “circuncisão” de pensamento, os nobres apresentam capacidades até demais.



Alguns críticos destrutivos culpam a democracia por seus devaneios. Outros com expressões sugestivas culpam a negligência dos governantes e, ainda, o conformismo do povo no tocante as relações da sociedade. Ou melhor, o povo, no geral, não se importa com o que a sua nação está passando. Portanto, o modo por meio do qual essa participação se conforma, permite estabelecer os parâmetros e padrões das democracias de hoje em questão, sejam elas divergentes ou convergentes com os ideais de sua formação.

Enfim, com essas trocas de poder, de manipulação, de corrupção e o jogo de interesses acabam transformando a maioria da população numa massa de manobras, que agirá em detrimento de seus próprios interesses e necessidades. Na verdade, a cidadania e a democracia se aprendem no seu próprio exercício. Como dizia Aristóteles, "só construindo podemos nos tornar mestres de obra". É um processo de tentativa e erro, no qual os brasileiros, por sinal, parecem ter errado mais do que acertado nos últimos anos... De qualquer modo, a única alternativa é continuar tentando.




Adolpho Ramsés (23 de maio de 2009).

Conhecendo o Mundo


Há muitos modos de se conhecer o mundo. Tudo depende da situação, do sujeito e do meio que diante do objeto do conhecimento travamos algumas interpretações e algumas crenças. Ao olhar as estrelas no céu noturno, um índio as enxerga a partir de um ponto de vista bastante diferente de um astrônomo. O índio vê nas estrelas nada mais que luzes enviadas por seus deuses para iluminar a noite. O cientista vê astros que têm luz própria e que formam uma galáxia. O índio compreende e conhece as estrelas a partir de um ponto de vista mitológico ou religioso. O astrônomo as compreende e conhece a partir de um ponto de vista científico.


Ou seja, a mitologia, a religião, a ciência são formas de conhecer o mundo. São modos de conhecimento, de interpretação, assim como o senso comum, a filosofia e a arte. Pois cada um desvenda, com suas maneiras, os segredos do mundo, ora em contato umas com as outras, ora em plena sintonia com suas bases intelectuais.


O interessante no desvendar do conhecimento a partir de estudos científicos ou até crenças religiosas são os aspectos de abrangência de suas respostas, de suas conclusões. Ou seja, ao buscar os segredos do mundo, as ciências naturais e humanas, as crenças baseadas na fé ou na razão, acabam explicando-o ou atribuindo-lhe um sentido, que às vezes tornar-se aceitável, e em muitas outras são meramente combatidos.


Para algumas civilizações o mito proporciona um conhecimento que explica o mundo a partir da ação de entidades, forças, energias, criaturas, personagens que se inserem em um grupo sobrenatural, ou melhor, que transcendem o mundo natural. Não diferente do mito, a religião também apresenta seus parâmetros baseados em entidades. Além disso, segundo a religião, para ser aceito na mesma é preciso crer ou ter fé no transcendental, portanto, para ter sua salvação concebida é preciso acreditar nas explicações da própria.


Na outra margem do rio, coexiste a ciência, que procura descobrir como a natureza "funciona", considerando, principalmente, as relações de causa e efeito. Nesse sentido, pretende buscar o conhecimento objetivo, isto é, que se baseia nas características do objeto, com interferência mínima do sujeito. Sem falar, ainda, no poder insaciável do senso comum, ou conhecimento espontâneo, que é a primeira compreensão do mundo, baseada na opinião, nos ditados populares, isto é, que não inclui nenhuma garantia da própria validade.


Convém aqui esclarecer que não vem ao caso discutir aqui a validade do conhecimento religioso, nem da mitologia. Em aspectos objetivos, a religião não tem como provar a existência de Deus, e em aspectos subjetivos, a ciência também não tem como provar a Sua inexistência. Cabe a nós, no geral, possuidores do poder intelectual, e crentes nas entidades religiosas, sendo cristãs ou não, sorver os parâmetros desde o senso comum, passando pelas teorias, princípios, postulados da ciência e das religiões, até as magníficas teses de Sócrates, Platão, Aristóteles que com o passar de tantos séculos ainda perduram nos âmbitos e instâncias da realidade como um todo.


Adolpho Ramsés (21 de maio de 2009).